Monday, December 03, 2007

três momentos

I. um post offline

eu sou o tim maia da literatura.

sim, eu estou em londrina. quer dizer, indo para londrina, participar do londrix, no avião. mas não na hora que tinha que estar. nem no dia. era para ter sido sábado, mas achei sem condições encarar show dos meus meninos (eu já aprendi que sempre vamos longe demais) e depois voar às sete da manhã. aí a gente remarcou para domingo. o que não adiantou nada, porque eu acabei tendo que fazer umas coisitas na noite de ontem e nunca mais voltei. aí cheguei tardecedo e fui dar uma dormidinha. quando é que eu vou aprender a parar de achar que vou dar dormidinhas? dormidinhas não existem. existe dormir para caralho e perder a hora. aí óbvio que eu perdi o vôo. a arte milenar. mas deu tudo certo. quase enfartei com a tam, tinha uma frescurada de não poder trocar o vôo porque tinha sido comprado em agência e aai, mas um moço prestativo ajudou.
eu estou com umas olheiras absurdas e malemal fiz a mala, dado o estado de minha mente.
também acho que estou cansada.
cansada.
não cansada daquele jeito que se resolve dormindo. cansada. acumulada.
mas vai mudar. eu sinto. vai acontecer alguma coisa. soy bruja, sempre sinto a iminência no ar.
raramente eu erro.
e estamos chegando em londrina.
preciso contar da exposição da yoko ono. demais. a yono é demais. mas agora eu preciso desligar el computador.

II. depois da sauna

não, não tem sauna no hotel. a sauna era na rua. sauna seca. só faltou o cheiro de pinho sol. foi bom. eu não sei bem o que falar numa sala onde todos esperam que eu fale, então fiz a única coisa que sei fazer: tentar botar os outros nos meus olhos. eu não sou boa em ser o centro das atenções diante de desconhecidos. timidez em corpo de pavão. mas foi legal. creio que fui clara.

mas aí depois veio o fabrício carpinejar.

meu deus.
fiquei passada. existem poucas pessoas no planeta com um carisma como o dele. não consigo descrever. tudo fica concentrado ali, nele. incrível, fantástico, extraordinário. queria ter gravado tudo o que ele disse para ficar repassando depois. fiquei revendo depois de qualquer maneira. sensacional. só isso.


III. só comigo ou tudo culpa do bob dylan


ontem fui dormir cedo, acordei hoje surpreendentemente na hora, depois de sonhar uma espécie de continuação da noite que não aconteceu, tomei banho, me empacotei e fui para o aeroporto. tudo certo. encontrei o gross lá e ia rolar uma carona pra casa - somos praticamente vizinhos. tudo certo. certíssimo. só era meio atravessado ter que trocar de avião em curitiba, mas tudo bem, afinal, estava tudo certo. e quando está tudo certo eu dou um jeito de alguma coisa sair errada. talvez a culpa seja do maldito ipod, meu melhor amigo. chamaram, eu entreguei o cartão de embarque, segui as pessoas, passei pelo corredor de sanfona, entrei no avião. sentei. não vi o gross e nem o produtor da cachorro grande. eles tinham ficado sentados quando eu entrei. mas aí fecharam a porta. e nada do gross e nem do produtor. eu levantei e falei "moça, faltam dois amigos meus". e ela "não, estão todos aqui". pensei que eles talvez tivessem passado por mim sem eu ver. era meio impossível, mas enfim. isso tudo eu de ipod, ouvindo o highway 61 revisited. o avião começou a andar. eu tirei os fones. "bem-vindos ao vôo da ocean air com destino ao rio de janeiro". NÃO! OCEAN AIR? RIO DE JANEIRO? NÃO NÃO! chamei a moça. moça, estou no vôo errado. comoção. foi falar com o comandante, aquele idiota, que disse: "senhores passageiros, teremos que voltar porque uma passageira da tam entrou inadvertidamente no nosso vôo". COMO SE FOSSE APENAS CULPA MINHA. ninguém checa cartão de embarque? contam os passageiros errado também? vão tudo se foder. uma velha começou a falar bem alto: MAS E OS EXECUTIVOS QUE TÊM HORÁRIO? como se eu não tivesse NENHUM COMPROMISSO NA CIDADE DE SÃO PAULO. a vagabunda tatuada desocupada não faz nada da vida além de entrar no avião dos outros e atrasar os executivos. crispei os dentes e cerrei as mãos. e botei os fones de volta BEM ALTO para não agredir ninguém. o cara ao meu lado foi solidário. eu queria matar a velha, que não parava de falar e queria reclamar com o gerente. o marido dela, um também velho desagradável, sugeriu que eu descesse no meio da pista. a aeromulher riu e disse que não dava, era muito alto. aumentei o volume ainda mais. ódio, ódio, ódio. ódio do comandante e do casal de velhos. não eram velhinhos, eram velhos, sabe gente velha? tem gente que envelhece mas não fica velho. aquilo lá era velhice pura e do pior tipo, daqueles notoriamente imbuídos em preconceito contra qualquer coisa que seja diferente do que eles conhecem. morram. a merda do avião finalmente chegou no desembarque e eu fui. a velha falou alguma coisa que eu não ouvi quando passei. eu só disse "ah, vá, minha senhora". me senti educada. devia mandar ela enfiar aquela rabugice no meio do cu enrugado dela. desejei ardentemente que ela pegasse um avião errado antes da sua morte (que certamente vai demorar a chegar) e lembrasse deste dia. o moço da tam me esperava no corredor de sanfona. contei para ele o que aconteceu e ele riu. alguém com senso de humor, enfim. o meu vôo já tinha saído, é claro. tinha perdido o vôo, a carona e feito papelão na frente do meu amigo. claraverbuquei. agora estou na lan house do aeroporto a esperar. se bem que já está quase na hora. aliás, está bem na hora. me voy. adiós.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

  • Vida de gato
  • Das coisas esquecidas atrás da estante : esgotado, procure nos sebos!
  • Máquina de Pinball
senso*