O Zelador - Parte I
A/C Lucielena
São Paulo, 30 de abril de 2007.
Gostaria de comunicar-lhes de fatos muito desagradáveis que vêm acontecendo aqui no prédio. Eu realmente não sou do tipo de pessoa que fica escrevendo cartas para a imobiliária para reclamar, mas quando passa do limite, alguma coisa precisa ser feita.
E alguma coisa precisa ser feita a respeito deste zelador. Quando ele chegou, parecia uma pessoa de respeito e até fez alguns serviços na minha casa, trocou umas tomadas, furou umas paredes, pendurou uns lustres. Mas depois que a sua ex-mulher foi embora com seu filho, uma pobre criança com hidrocefalia, e uma outra zinha veio morar aqui, a coisa começou a degringolar. Pra começar, sua ex-mulher começou a me telefonar e dizer que ele dava a entender que EU, uma moça fina, de respeito, andava arrastando asa para o lado dele. E que ele ficava escondido no apartamento 14, quando estava para alugar, me ESPIONANDO enquanto eu escrevia em trajes sumários neste mesmo computador. Não sei se é verdade, mas achei por bem mencionar, afinal, estou tentando seguir o artigo B do item 2 que o próprio zelador me entregou há alguns dias: "Usar, gozar, fluir e dispor da respectiva unidade como melhor lhe aprouver, desde que respeite os regulamentos, demais leis aplicáveis e normas de moral", assim como o artigo B do item 3: "Observar, dentro das dependências do edifício, a mais rigorosa moralidade, decência e respeito, zelando pela boa reputação do edifício".
Antes ele morava naquela casinha lá atrás. Tudo certo. Aí ele passou a morar em cima, no que deveria ser uma área COMUM do prédio, e embaixo também. Como assim? Como ele pode ter duas casas? E reforma aquela casa de cima. E vai pra cima e pra baixo incomodando todo mundo com tijolo e construção e barulho e cal e caos. Pintar o buraco que ficou no MEU banheiro há seis meses quando trocaram a coluna? Nem pensar. Reformar a casa dele é prioridade. Deve ser um luxo. Aí ele troca os interfones e os substitui por aqueles telefones bizarros que dão linha. Pra quê, se os outros estavam funcionando? Sem contar que ele desligou a função de abrir a porta. Ele acha que nós não temos a capacidade de saber para quem podemos ou não abrir a porta? Eu não quero ter que ficar subindo e descendo toda vez que chega gente na minha casa. Ou eu quero um porteiro eletrônico que funcione, ou um porteiro de carne e osso - que funcione também, nem vou entrar nos méritos do antigo porteiro que tocava minha campainha às duas da manhã para me oferecer uma cerveja. E aí ele pinta o portão dez vezes. Pra que pintar o portão? Antes era vermelho, ele simplesmente implicava com a cor. Disse que "parecia a porta do corpo de bombeiros". Eu achava que era o único charme deste prédio, com todo o respeito. Aí ele fica pintando a porcaria do portão só pra fingir que tem alguma função no prédio. Já pintou umas três vezes. E fica mudando as cadeiras e os quadros de aviso de lugar. Pra parecer que fez alguma coisa. Limpar os corredores de verdade? Não. Avisar quando vai faltar água? Às vezes. Quando dá na telha. Outras vezes ele nem avisa, a gente acorda e simplesmente não tem água. Eu tenho uma criança em casa. Isso não pode acontecer, eu preciso estar preparada.
Fora os casos isolados. Do tipo eu fazer uma viagem longa, cortarem a minha energia, ele NUNCA estar no prédio para receber a Eletropaulo para religarem a luz e quando a minha faxineira vai reclamar, ele dar uma respostinha mal-educada do tipo “se ela tivesse pago a conta, eles não teriam cortado a luz”. Como se o trabalho dele não fosse de fato ESTAR NO PRÉDIO e como se ele tivesse alguma coisa com a minha vida. Outra: uma moradora conversou com um funcionário da Eletropaulo que disse nem sempre conseguir entrar no prédio para fazer a medição de luz, então eles simplesmente fazem uma média. Ou seja, estamos, os moradores, pagando a mais porque temos um funcionário incompetente.
Outro dia ele quebrou o pau com a nova mulher. Eu não tenho nada com a vida pessoal dele. Mas eu REALMENTE não quero saber dela. Não quero estar escrevendo à noite, e ouvir gritos e objetos jogados e insultos. Ele é o zelador, por deus. Ele age como se fosse dono do prédio. Não é problema só meu com ele, já conversei com diversos moradores a respeito. Ele realmente acha que é o rei do pedaço e inclusive sei de moradores que cogitam deixar o prédio por causa dele. Eu não vou deixar prédio nenhum por causa de um funcionário que deveria trabalhar para o bem-estar e conforto dos moradores e que tira parte do salário do MEU suado dinheirinho. Mas não vou mesmo. E não vou viver com cara feia para mim no elevador e nem com quebra-quebra de casal de baixo nível no meu prédio e nem com gente fingindo que trabalha. Tenho certeza também de que ele manipula informações moradores/imobiliária e que nada que dizemos a ele chega a vocês, ou chega distorcido. Eu não sei que tipo de acerto este indivíduo tem para agir desta forma. Mas nem eu e nem ninguém que mora neste prédio confia nele e estamos todos cansados desta novela. Francamente, não duvido de que qualquer dia desses eu acorde e ele tenha mudado o nome do prédio de "Edifício Caetano Aranha Caldeira" para "Edifício do Seu Luís".
Gostaria de pedir sigilo sobre esta carta. Eu não confio nele e não acho que seja uma pessoa de boa índole.
Obrigada,
Clarah Averbuck - Apt 11.
(publicado na revista Muro em abril)
O ZELADOR - PARTE II
Certo. Isso é tudo verdade. Mas mais coisas aconteceram desde então. Houve um assalto na garagem do prédio. Um assalto parcelado em dois dias, onde roubaram todos os carros do prédio. Não todos os objetos que estavam dentro dos carros, todos os carros mesmo. E todas as bicicletas, skates, carrinhos de obra, regadores, bacias e demais cacarecos que lá estavam.
Ninguém viu nada, ninguém sabe de nada. O zelador, então, imagina. Estava lá em cima, na sua suíte, em seu sono angelical. Se estivesse na casa na qual deveria morar, lá embaixo, teria ouvido. Mas nããão. Se bobear ele está até metido nisso, de tão marginal que o cara é. Enfim, obrigaram o traste a se mudar de volta para a casinha dos fundos, destinada ao zelador, e desde então ele anda bufando ainda mais pelos corredores.
E hoje chegamos ao fundo do poço do elevador, que sempre estraga.
Resolveram trocar os ralos das varandas. Certo. Troquem os ralos das varandas. Mas para entrar na casa de uma pessoa com um encanador que vai bater martelos indefinidamente, sujar tudo e fazer uma bagunça com marca de havaianas pela casa inteira, avise antes; eu sempre disse isso. Todas as vezes que esse energúmeno tocou meu interfone e disse "tô subindo aí" eu não deixei. Não é assim que se entra na casa de uma pessoa. Avise antes e tudo bem. No outro dia ele voltava, puto. Caguei se ficou puto. É a minha casa e é assim que é. Mas ele fez de novo. Ontem de manhã, eu saindo com a Catarina para a escola, toca o interfone. "Tamo subindo pra trocar os ralos". "Não, estou saindo." E estava mesmo.
Hoje de manhã, eu dormindo com os cornos virados, toca o interfone.
"Tamo subindo pra trocar os ralos"
Baixou a demônia.
"Olha, eu vou te ensinar como se faz para entrar na casa de uma pessoa: tem que avisar antes e tem que pedir licença. Eu já te falei mil vezes para avisar e marcar"
"Mas eu já toquei aí ontem", todo cheio de razão
"Tocou mas não marcou nada. Pode subir, mas não é assim que se faz"
E bati o interfone POSSESSA.
Tocou de novo.
"Já disse que é pra subir!"
Fiquei MASTIGANDO VIDRO e esperando eles chegarem. Quando abri a porta, ele já foi falando, com o peito todo estufado:
"Tudo que eu tinha que aprender já me ensinaram. Agora, você tem que aprender a ter educação"
CRaccraARcrécCRACcréccraaC
"E VOCÊ TEM QUE APRENDER QUE PARA ENTRAR NA CASA DAS PESSOAS TEM QUE PEDIR LICENÇA. ESSA CASA É MINHA E VOCÊ TEM QUE ME RESPEITAR."
"AH, ESSA CASA É SUA? QUANTO VOCÊ PAGOU POR ELA?"
"EU PAGO ALUGUEL TODO MÊS. E VOCÊ SÓ ENTRA AQUI SE EU DEIXAR. SE EU FECHAR A PORTA VOCÊ NÃO PISA AQUI DENTRO E NÃO ARRUMA PORRA NENHUMA"
"FECHA ENTÃO QUE EU QUERO VER!"
RÁ!
*BLAM*
Aquele boçal achou que eu ia ficar com MEDO dele. As pessoas deste prédio têm medo dele só porque ele é grande e mal-encarado e parece o Lurch da Família Addams. Pois eu quero mais é que se foda. O salário desse merda sai do condomínio que todo mundo paga. Ninguém tem que ter medo de nada. Aí ele terminou assim:
"VAI APRENDER A TER EDUCAÇÃO, SUA VACA!"
Isso vindo dele é um PIADA. EDUCAÇÃO!
Essa pessoa VIRA A CARA quando a gente dá oi para ele.
Simplesmente VIRA A CARA. Para TODO MUNDO. É uma reclamação GERAL.
Peguei o telefone na hora e liguei para a imobiliária para relatar o acontecido. Falei com a Úrsula, a senhorinha italiana do apartamento de cima que também o proibiu de botar os pés em seu apartamento, e nós decidimos fazer um ABAIXO-ASSINADO pra tirar essa pessoa desse CARGO. Antes que eu acabe cometendo um crime. Antes que ele mesmo acabe cometendo um crime, se é que ainda não cometeu.
São Paulo, 30 de abril de 2007.
Gostaria de comunicar-lhes de fatos muito desagradáveis que vêm acontecendo aqui no prédio. Eu realmente não sou do tipo de pessoa que fica escrevendo cartas para a imobiliária para reclamar, mas quando passa do limite, alguma coisa precisa ser feita.
E alguma coisa precisa ser feita a respeito deste zelador. Quando ele chegou, parecia uma pessoa de respeito e até fez alguns serviços na minha casa, trocou umas tomadas, furou umas paredes, pendurou uns lustres. Mas depois que a sua ex-mulher foi embora com seu filho, uma pobre criança com hidrocefalia, e uma outra zinha veio morar aqui, a coisa começou a degringolar. Pra começar, sua ex-mulher começou a me telefonar e dizer que ele dava a entender que EU, uma moça fina, de respeito, andava arrastando asa para o lado dele. E que ele ficava escondido no apartamento 14, quando estava para alugar, me ESPIONANDO enquanto eu escrevia em trajes sumários neste mesmo computador. Não sei se é verdade, mas achei por bem mencionar, afinal, estou tentando seguir o artigo B do item 2 que o próprio zelador me entregou há alguns dias: "Usar, gozar, fluir e dispor da respectiva unidade como melhor lhe aprouver, desde que respeite os regulamentos, demais leis aplicáveis e normas de moral", assim como o artigo B do item 3: "Observar, dentro das dependências do edifício, a mais rigorosa moralidade, decência e respeito, zelando pela boa reputação do edifício".
Antes ele morava naquela casinha lá atrás. Tudo certo. Aí ele passou a morar em cima, no que deveria ser uma área COMUM do prédio, e embaixo também. Como assim? Como ele pode ter duas casas? E reforma aquela casa de cima. E vai pra cima e pra baixo incomodando todo mundo com tijolo e construção e barulho e cal e caos. Pintar o buraco que ficou no MEU banheiro há seis meses quando trocaram a coluna? Nem pensar. Reformar a casa dele é prioridade. Deve ser um luxo. Aí ele troca os interfones e os substitui por aqueles telefones bizarros que dão linha. Pra quê, se os outros estavam funcionando? Sem contar que ele desligou a função de abrir a porta. Ele acha que nós não temos a capacidade de saber para quem podemos ou não abrir a porta? Eu não quero ter que ficar subindo e descendo toda vez que chega gente na minha casa. Ou eu quero um porteiro eletrônico que funcione, ou um porteiro de carne e osso - que funcione também, nem vou entrar nos méritos do antigo porteiro que tocava minha campainha às duas da manhã para me oferecer uma cerveja. E aí ele pinta o portão dez vezes. Pra que pintar o portão? Antes era vermelho, ele simplesmente implicava com a cor. Disse que "parecia a porta do corpo de bombeiros". Eu achava que era o único charme deste prédio, com todo o respeito. Aí ele fica pintando a porcaria do portão só pra fingir que tem alguma função no prédio. Já pintou umas três vezes. E fica mudando as cadeiras e os quadros de aviso de lugar. Pra parecer que fez alguma coisa. Limpar os corredores de verdade? Não. Avisar quando vai faltar água? Às vezes. Quando dá na telha. Outras vezes ele nem avisa, a gente acorda e simplesmente não tem água. Eu tenho uma criança em casa. Isso não pode acontecer, eu preciso estar preparada.
Fora os casos isolados. Do tipo eu fazer uma viagem longa, cortarem a minha energia, ele NUNCA estar no prédio para receber a Eletropaulo para religarem a luz e quando a minha faxineira vai reclamar, ele dar uma respostinha mal-educada do tipo “se ela tivesse pago a conta, eles não teriam cortado a luz”. Como se o trabalho dele não fosse de fato ESTAR NO PRÉDIO e como se ele tivesse alguma coisa com a minha vida. Outra: uma moradora conversou com um funcionário da Eletropaulo que disse nem sempre conseguir entrar no prédio para fazer a medição de luz, então eles simplesmente fazem uma média. Ou seja, estamos, os moradores, pagando a mais porque temos um funcionário incompetente.
Outro dia ele quebrou o pau com a nova mulher. Eu não tenho nada com a vida pessoal dele. Mas eu REALMENTE não quero saber dela. Não quero estar escrevendo à noite, e ouvir gritos e objetos jogados e insultos. Ele é o zelador, por deus. Ele age como se fosse dono do prédio. Não é problema só meu com ele, já conversei com diversos moradores a respeito. Ele realmente acha que é o rei do pedaço e inclusive sei de moradores que cogitam deixar o prédio por causa dele. Eu não vou deixar prédio nenhum por causa de um funcionário que deveria trabalhar para o bem-estar e conforto dos moradores e que tira parte do salário do MEU suado dinheirinho. Mas não vou mesmo. E não vou viver com cara feia para mim no elevador e nem com quebra-quebra de casal de baixo nível no meu prédio e nem com gente fingindo que trabalha. Tenho certeza também de que ele manipula informações moradores/imobiliária e que nada que dizemos a ele chega a vocês, ou chega distorcido. Eu não sei que tipo de acerto este indivíduo tem para agir desta forma. Mas nem eu e nem ninguém que mora neste prédio confia nele e estamos todos cansados desta novela. Francamente, não duvido de que qualquer dia desses eu acorde e ele tenha mudado o nome do prédio de "Edifício Caetano Aranha Caldeira" para "Edifício do Seu Luís".
Gostaria de pedir sigilo sobre esta carta. Eu não confio nele e não acho que seja uma pessoa de boa índole.
Obrigada,
Clarah Averbuck - Apt 11.
(publicado na revista Muro em abril)
O ZELADOR - PARTE II
Certo. Isso é tudo verdade. Mas mais coisas aconteceram desde então. Houve um assalto na garagem do prédio. Um assalto parcelado em dois dias, onde roubaram todos os carros do prédio. Não todos os objetos que estavam dentro dos carros, todos os carros mesmo. E todas as bicicletas, skates, carrinhos de obra, regadores, bacias e demais cacarecos que lá estavam.
Ninguém viu nada, ninguém sabe de nada. O zelador, então, imagina. Estava lá em cima, na sua suíte, em seu sono angelical. Se estivesse na casa na qual deveria morar, lá embaixo, teria ouvido. Mas nããão. Se bobear ele está até metido nisso, de tão marginal que o cara é. Enfim, obrigaram o traste a se mudar de volta para a casinha dos fundos, destinada ao zelador, e desde então ele anda bufando ainda mais pelos corredores.
E hoje chegamos ao fundo do poço do elevador, que sempre estraga.
Resolveram trocar os ralos das varandas. Certo. Troquem os ralos das varandas. Mas para entrar na casa de uma pessoa com um encanador que vai bater martelos indefinidamente, sujar tudo e fazer uma bagunça com marca de havaianas pela casa inteira, avise antes; eu sempre disse isso. Todas as vezes que esse energúmeno tocou meu interfone e disse "tô subindo aí" eu não deixei. Não é assim que se entra na casa de uma pessoa. Avise antes e tudo bem. No outro dia ele voltava, puto. Caguei se ficou puto. É a minha casa e é assim que é. Mas ele fez de novo. Ontem de manhã, eu saindo com a Catarina para a escola, toca o interfone. "Tamo subindo pra trocar os ralos". "Não, estou saindo." E estava mesmo.
Hoje de manhã, eu dormindo com os cornos virados, toca o interfone.
"Tamo subindo pra trocar os ralos"
Baixou a demônia.
"Olha, eu vou te ensinar como se faz para entrar na casa de uma pessoa: tem que avisar antes e tem que pedir licença. Eu já te falei mil vezes para avisar e marcar"
"Mas eu já toquei aí ontem", todo cheio de razão
"Tocou mas não marcou nada. Pode subir, mas não é assim que se faz"
E bati o interfone POSSESSA.
Tocou de novo.
"Já disse que é pra subir!"
Fiquei MASTIGANDO VIDRO e esperando eles chegarem. Quando abri a porta, ele já foi falando, com o peito todo estufado:
"Tudo que eu tinha que aprender já me ensinaram. Agora, você tem que aprender a ter educação"
CRaccraARcrécCRACcréccraaC
"E VOCÊ TEM QUE APRENDER QUE PARA ENTRAR NA CASA DAS PESSOAS TEM QUE PEDIR LICENÇA. ESSA CASA É MINHA E VOCÊ TEM QUE ME RESPEITAR."
"AH, ESSA CASA É SUA? QUANTO VOCÊ PAGOU POR ELA?"
"EU PAGO ALUGUEL TODO MÊS. E VOCÊ SÓ ENTRA AQUI SE EU DEIXAR. SE EU FECHAR A PORTA VOCÊ NÃO PISA AQUI DENTRO E NÃO ARRUMA PORRA NENHUMA"
"FECHA ENTÃO QUE EU QUERO VER!"
RÁ!
*BLAM*
Aquele boçal achou que eu ia ficar com MEDO dele. As pessoas deste prédio têm medo dele só porque ele é grande e mal-encarado e parece o Lurch da Família Addams. Pois eu quero mais é que se foda. O salário desse merda sai do condomínio que todo mundo paga. Ninguém tem que ter medo de nada. Aí ele terminou assim:
"VAI APRENDER A TER EDUCAÇÃO, SUA VACA!"
Isso vindo dele é um PIADA. EDUCAÇÃO!
Essa pessoa VIRA A CARA quando a gente dá oi para ele.
Simplesmente VIRA A CARA. Para TODO MUNDO. É uma reclamação GERAL.
Peguei o telefone na hora e liguei para a imobiliária para relatar o acontecido. Falei com a Úrsula, a senhorinha italiana do apartamento de cima que também o proibiu de botar os pés em seu apartamento, e nós decidimos fazer um ABAIXO-ASSINADO pra tirar essa pessoa desse CARGO. Antes que eu acabe cometendo um crime. Antes que ele mesmo acabe cometendo um crime, se é que ainda não cometeu.