MEU PEQUENO FURACÃO
Enfim, um domingo que não me doeu.
Tenho sérios problemas com domingos, mas hoje eu saí quase ilesa. Quase.
Passei a noite trabalhando com meu conhaque, meus cigarros, o Bo Diddley, o Jimmy Reed, o nosso amigo Frank Sinatra, como deu para perceber abaixo, e mais uns caras. Consegui dormir e ainda era noite. Dormi mesmo. Molinha. Acordei e era dia. Que bom. Céu azul e tudo.
"Mamãe, é dia!"
Minha filha está atravessando o Inferno Astral. É sério. Eu não sei se todas as pessoas de quase quatro anos passam por isso, mas ela certamente está passando. Por isso o quase ilesa. Uma criança muito inteligente e cheia de energia pode quebrar as pernas de sua pobre mãe que acha que sabe das coisas.
Eu: Catarina, você não vê que quando não me obedece, acaba mal e a gente briga?
Nina: É, Catarina, assim você acaba se dando mal no final.
Catarina (convicta): Todo mundo se dá mal no final.
E foi estourar uns balões.
Pelo amor de Bunker Hill. Isso só podia sair da boca da minha filha. Com uma calça jeans, uma camisetinha de flores e aquela franjinha falando isso assim, bem blasé. Ela tem o mesmo misto de doçura e fúria que eu. Alguma coisa minha ela tinha que herdar.
Aliás, teve outra.
"Catarina, não fala isso"
"Não fui eu, foi a minha boca!"
Existem duas pessoas neste mundo capazes de me dobrar. Uma delas está passando por seu Inferno Astral de quatro anos de idade.
Agüenta aí, gatinha,
que só piora.
Quando você tiver doze eu te conto umas coisas.
A vida é legal e tudo mais,
e a gente pode ser feliz sim, um pouco
mas não para sempre como aquelas princesas que você tanto gosta.
Como é que eu posso te dizer isso? E quando? E como? COMO? COMO?
Quando você tiver quinze eu te conto umas coisas. Treze. Dez. Não sei.
Por enquanto, fica aí com as suas fadinhas
e as sereias e essas coisas todas que você gosta.
Semana que vem a gente vai fazer aquele piquenique e você vai ganhar um monte de beijos e presentes e se entupir de porcarias. Vai ser demais.
O resto a gente vê depois.
Se é que você vai me escutar algum dia.
Tenho sérios problemas com domingos, mas hoje eu saí quase ilesa. Quase.
Passei a noite trabalhando com meu conhaque, meus cigarros, o Bo Diddley, o Jimmy Reed, o nosso amigo Frank Sinatra, como deu para perceber abaixo, e mais uns caras. Consegui dormir e ainda era noite. Dormi mesmo. Molinha. Acordei e era dia. Que bom. Céu azul e tudo.
"Mamãe, é dia!"
Minha filha está atravessando o Inferno Astral. É sério. Eu não sei se todas as pessoas de quase quatro anos passam por isso, mas ela certamente está passando. Por isso o quase ilesa. Uma criança muito inteligente e cheia de energia pode quebrar as pernas de sua pobre mãe que acha que sabe das coisas.
Eu: Catarina, você não vê que quando não me obedece, acaba mal e a gente briga?
Nina: É, Catarina, assim você acaba se dando mal no final.
Catarina (convicta): Todo mundo se dá mal no final.
E foi estourar uns balões.
Pelo amor de Bunker Hill. Isso só podia sair da boca da minha filha. Com uma calça jeans, uma camisetinha de flores e aquela franjinha falando isso assim, bem blasé. Ela tem o mesmo misto de doçura e fúria que eu. Alguma coisa minha ela tinha que herdar.
Aliás, teve outra.
"Catarina, não fala isso"
"Não fui eu, foi a minha boca!"
Existem duas pessoas neste mundo capazes de me dobrar. Uma delas está passando por seu Inferno Astral de quatro anos de idade.
Agüenta aí, gatinha,
que só piora.
Quando você tiver doze eu te conto umas coisas.
A vida é legal e tudo mais,
e a gente pode ser feliz sim, um pouco
mas não para sempre como aquelas princesas que você tanto gosta.
Como é que eu posso te dizer isso? E quando? E como? COMO? COMO?
Quando você tiver quinze eu te conto umas coisas. Treze. Dez. Não sei.
Por enquanto, fica aí com as suas fadinhas
e as sereias e essas coisas todas que você gosta.
Semana que vem a gente vai fazer aquele piquenique e você vai ganhar um monte de beijos e presentes e se entupir de porcarias. Vai ser demais.
O resto a gente vê depois.
Se é que você vai me escutar algum dia.