YESTERDAY'S NUMBERS
Ontem, cinco da manhã:
"Saindo daqui..."
Estadão. Pernil com rúcula.
Antes, um monte de conhaque, cerveja, Rolling Stones, Otis Redding, Ike and Tina, um monte de coisas boas e a cidade lá longe nos espiando por detrás da neblina enquanto nós meninas fumávamos na janela e ele gerenciava a casa. Eu tenho uns amigos do caralho. Mesmo quando não é nada demais, é tudo que eu preciso. Ali.
Hoje, onze da manhã: nada.
Eu e o joo na cama quentinha, aquela maldita fresta deixando uma luz desmaiada entrar. O rimel grudando os cílios, eu querendo água. Os dedos gelados. A casa no mais absoluto silêncio. O Domingão. Volto para a cama sem ouvir a minha voz. Me enrosco nos meus gatos e durmo de novo. Dormir é o que me resta.
Acordei quando o dia já ia embora. Ainda bem.
Agora escuto os meus Flamin' Groovies. Acordei com ela na cabeça da segunda vez. Yesterday's Numbers. Have you ever been aLONE? So long you couldn't cry? Did you ever have a home? Did you ever tell a lie? I want to know you well, know your heaven, know your hell.
O jeito que ele fala aLONE me corta o coração. Eu acho que ele sabe mesmo.
Have you ever been alone? So long you couldn't end? Did you ever break a heart? Did you ever lose a friend?
Eu gosto assim, simples. Simples e certeiro. Vem direto aqui, ó. E me pega. E eu queria ter alguém que entendesse pra eu poder mostrar isso, e ele concordaria e talvez mordesse o lábio de tão bom e simples e certeiro nós ficaríamos aqui, só aqui, assim. Escutando umas músicas. Nos curando do sábado. Esperando a segunda cheia de coisas a serem feitas. Só umas horinhas a serem passadas juntos, nada demais.
Às vezes poder ficar em silêncio é um acontecimento.
Às vezes não precisa acontecer nada.
"Saindo daqui..."
Estadão. Pernil com rúcula.
Antes, um monte de conhaque, cerveja, Rolling Stones, Otis Redding, Ike and Tina, um monte de coisas boas e a cidade lá longe nos espiando por detrás da neblina enquanto nós meninas fumávamos na janela e ele gerenciava a casa. Eu tenho uns amigos do caralho. Mesmo quando não é nada demais, é tudo que eu preciso. Ali.
Hoje, onze da manhã: nada.
Eu e o joo na cama quentinha, aquela maldita fresta deixando uma luz desmaiada entrar. O rimel grudando os cílios, eu querendo água. Os dedos gelados. A casa no mais absoluto silêncio. O Domingão. Volto para a cama sem ouvir a minha voz. Me enrosco nos meus gatos e durmo de novo. Dormir é o que me resta.
Acordei quando o dia já ia embora. Ainda bem.
Agora escuto os meus Flamin' Groovies. Acordei com ela na cabeça da segunda vez. Yesterday's Numbers. Have you ever been aLONE? So long you couldn't cry? Did you ever have a home? Did you ever tell a lie? I want to know you well, know your heaven, know your hell.
O jeito que ele fala aLONE me corta o coração. Eu acho que ele sabe mesmo.
Have you ever been alone? So long you couldn't end? Did you ever break a heart? Did you ever lose a friend?
Eu gosto assim, simples. Simples e certeiro. Vem direto aqui, ó. E me pega. E eu queria ter alguém que entendesse pra eu poder mostrar isso, e ele concordaria e talvez mordesse o lábio de tão bom e simples e certeiro nós ficaríamos aqui, só aqui, assim. Escutando umas músicas. Nos curando do sábado. Esperando a segunda cheia de coisas a serem feitas. Só umas horinhas a serem passadas juntos, nada demais.
Às vezes poder ficar em silêncio é um acontecimento.
Às vezes não precisa acontecer nada.