Friday, December 21, 2007

gerenciamento diário de férias escolares - parte I

essa época do ano.
amy a gata urrando no cio, quase se jogando pelas janelas, desesperada pelas paredes.
eu tentando abstrair.
todo mundo maluco na rua,
eu tentando abstrair.
gente desequilibrada no meu pé,
eu ignorando - é o que se deve fazer. NADA.

comprei de novo um cipreste de natal, essas árvores falsas são feias demais. o do ano passado morreu. do retrasado também. eu sei que este também vai morrer, todas as plantas morrem na minha mão. eu vou tentar, vou cuidar, seria bom se ele sobrevivesse até o próximo ano e etc, mas eu duvido. talvez se a catarina cuidar. comprei também um cactus. esse eu sei que não vai morrer. sempre quis ter um cactus. é meu presente de natal. que eu vou passar aqui em casa mesmo, sem drama. ano passado foi assim. muitos outros anos foi assim também. eu abdicava de passar o natal com a família. não é que eu desgoste da minha família. só não gosto desse negócio de ter uma data marcada para gostar dela e ter que querer estar com todos. uma obrigação. é como cobrar gratidão. não funciona. não funciona para mim esse negócio de juntar todo mundo numa data que acham especial e decidirem que eu devo ficar gostando de todos juntos ao mesmo tempo. é mais fácil gostar das pessoas separadamente e se aprofundar um pouco mais nelas do que ficar em papo-furado familiar de natal. não gosto. por isso sempre fugi dessas datas. são sempre as mesmas perguntas e as mesmas respostas. não posso com isso. prefiro ficar em casa com as minhas mesmas perguntas, procurando novas respostas. ou sair por aí, sei lá, simplesmente sair, com sorte ganhar umas garrafas de alguma coisa, uns livros, algumas pessoas ainda são legais o suficiente para darem presentes sem querer nada em troca, simplesmente porque gostam genuinamente de você. eu sou um pouco assim, mas com pessoas muito específicas.

esse ano eu até gostaria de ir para porto alegre. muitos dos meus amigos estão lá, seria legal encontrá-los no habitat natural. respirar um pouco de ar puro também seria bom. gravar uns sons no estúdio do meu pai, andar um pouco pela cidade e tudo mais. quer dizer, isso tudo vai acontecer, mas não agora. infortúnios familiares aconteceram e eu não vou para lá. depois. catarina é canceriana afinal de contas e sente falta da casa do ékedaelo, a entidade única na qual ela transformou meus pais, e da dadá, minha avó que ela insiste ser avó dela. pensando bem, acho que a minha avó também tem alguns flashbacks catarina/clarah. já cansei de dizer, sangue não é água.

enfim.
tenho um cipreste enfeitado na minha sala e um cactus. as luzinhas eu negociei para o quarto da catarina. tento gerenciar a relação enfeites de natal/catarina/cinco gatos.
meu amigo b. diz que sou jovem demais para ter tantos gatos. às vezes eu concordo. outras vezes passo nas portas das baladas, enfio a cabeça lá dentro e penso que em casa com os gatos é muito mais divertido. tenho muito isso, visualizo onde quero estar. freqüentemente tenho vislumbrado minha cama da porta do quarto enquanto o som estoura meus tímpanos e as pessoas gritam para conversar. me sinto velha. passei dos vinte e sete, rumo à fazenda banquer rio, plano de quem não tem sonho e precisa de algum futuro. tenho preferido ficar em casa, às vezes nem na minha casa, na casa dos integrantes dos meus times de futebol, ouvindo, observando, às vezes simplesmente me entregando ao sono em exaustão. me sinto velha. mas ainda não velha demais. antes me sentia velha sem justificativa. agora me sinto velha por ter sentido a passagem do tempo, deixado de ser precoce e ter entrado na normalidade. olha, é bom. achei até que tinham me esquecido um pouco. mas sempre tem alguém pra te encher os pacovás. a eles reservo apenas o mais puro e genuíno silêncio. se o mundo dependesse de todo mundo entender tudo para girar, já tinha caído de órbita faz muito tempo.

e agora com licença,
vou ver barbie e o lago dos cisnes.
faz parte do gerenciamento diário de tempo escrever/gatos/filha nas férias.

depois que ela dormir eu continuo.

adiós por ora.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

  • Vida de gato
  • Das coisas esquecidas atrás da estante : esgotado, procure nos sebos!
  • Máquina de Pinball
senso*