Wednesday, December 05, 2007

viciada em excesso

tenho esquecido meu nome.
tenho esquecido todos os nomes.
tenho esquecido promessas e dívidas, noites e manhãs. tenho acordado com os olhos inchados de quem chorou, mas sem lembrança de lágrima alguma. tenho misturado o sagrado e o profano em galões de álcool por dias demais. tenho me embebido em vergonha manhãs demais. tenho sentido aquele peso nos meus ombros, um peso conhecido e indesejado. não é culpa. não é nada. é cansaço. um cansaço que se instala e fica cravado nos ossos, em todos os ossos do corpo inteiro. tenho sentido a passagem do tempo sobre mim e sobre mim apenas enquanto certezas efêmeras e suicidas dançam à minha volta como moscas em chacota.
não quero.
não posso.
não devo.
não sei fazer diferente.
me perco, me perco e condeno os caminhos. deito sempre acompanhada de solidão. abraçada a ela no meio de todas as multidões. pago por tudo que digo e faço. pago por outros. não quero ser redenção de ouvidos e bocas que não me pertencem, mas não existe escolha. sou viciada em excesso e não quero mais saber de espelho.
tenho esquecido meu nome, tenho esquecido todos os nomes.
só não esqueço quem eu sou.
ser é maldição.
quero não-ser.
ou ser tudo.
tudo menos este nada amargo com gosto de morte.
tudo menos este fim.
o fim de todas as coisas que ardem.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

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senso*