Friday, June 09, 2006

O FIM DO QUE NUNCA COMEÇOU

A última vez que o vi, ele dormia no sofá da casa dele.
O que eu fazia na casa dele é outra história.
Mas ele estava dormindo no sofá. De vermelho.
Tinha recém feito a barba. Mexi no seu cabelo. Vi que a costeleta estava meio torta.
Tentei dizer pra ele ir pra cama, ele disse já vou. Eu disse que ele parecia uma criança que tinha dormido vendo televisão e ele sorriu de leve.
Eu suspirei, como uma boa idiota. Sorri. Depois o meu nariz ardeu. E os olhos também.
Mexi no seu cabelo. Peguei na sua mão.
Ele não se mexeu.
Apaguei o cigarro, dei-lhe um beijo na testa, desci as escadas e fui embora.
Peguei o último metrô pra casa.
Foi o fim mais silencioso da minha vida.
Nem ele ficou sabendo.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

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senso*