Saturday, August 05, 2006

AT THIS MOMENT YOU SHOULD BE WITH US, FEELING LIKE WE DO, LIKE YOU'D LOVE TO BUT NEVER WILL AGAIN

Eu confesso. Está bem, eu confesso:
EU NÃO SOU EU.
Oh!
Ou melhor: eu não sou ELA.
Eu sou eu. E sempre fui, menos quando segui o Thiago Schuch por um ano letivo inteiro pegando o ônibus para o lado oposto da minha casa e tentei inutilmente me encaixar no padrão de garota que ele gostava. Ele me beijou uma vez e resolveu ficar com a Miss Brotinho do Colégio São João. Eu tinha 15 anos, meus pais tinham se separado um dia depois da minha festa na garagem de casa e tudo que me importava era o Thiago Schuch e o fato de que meus peitos eram de tamanhos diferentes. Se bem que isso é bem eu. Então era eu.
Eu sou eu.
Ontem o meu amigo Roger perguntou na mesa se a gente acreditava que o tempo estava andando mais rápido. A informação está. O tempo está? O tempo não está. O meu tempo não está. Talvez antes de eu começar a tomar remédios, antes, quando eu era uma pessoa que ignorava o fato de que sofria de Transtorno Bipolar (ou Psicose Maníaco-Depressiva, como quiser) e vivia em mania e depressão e fazia umas cagadas incríveis com a minha vida, talvez nos meus episódios de mania o tempo parecesse andar mais rápido. E nos meus episódios de depressão o tempo era o tempo mais lento de todos os séculos dos séculos. Mas agora não é mais assim. Agora eu sou uma pessoa medicada. Eu tomo remédios quase direitinho. Eles se chamam Carbolitium CR, Topamax e Trileptal e são meus amigos, e impedem que eu me atire de carros em movimento ou corra com objetos perfuro-cortantes atrás das pessoas que eu gosto só porque a piada não teve graça, ou fique deitada na minha cama achando que eu sofro mais do que todas as pessoas que já nasceram no mundo inteiro e que nada mais importa além de sofrer, sofrer e sofrer pra depois ficar uma semana sentada na frente do computador tomando Cloridrato de Anfepramona pra não dormir e contar tudo. Era bonito? Podia até ser. Mas me consumia e eu ia acabar morrendo, e isso é sério. Agora as coisas são e serão diferentes. Eu tenho uma filha pra criar, uma filha que é genial e sabe todas as cores em inglês e desenhou o peixão na parede de casa quando a bomba do aquário queimou e ele morreu, uma filha que é linda e me ama, um amor que só quem tem filhos sabe. Sangue do meu sangue. E sangue não é água. Minha filha é uma Clarinha e me dá umas rasteiras que eu só fico pensando meu deus do céu quando tiver sete anos eu estou ferrada.
Eu sou eu. Eu e minha mini me. Eu sou eu e os meus amigos. Eu sou eu e tudo que eu era e mais as coisas que eu sou agora. Eu, senhoras e senhores, nunca deixarei de ser eu. E se vocês querem a versão anterior, fiquem se repetindo vocês, porque eu já superei.
.
.
.

o segundo romance
good ol' hank

eles vinham e
eles perguntavam
"já terminou o seu
segundo romance?"

"não."

"oqueque foi? oqueque foi que você não
consegue
terminar?"

"hemorróidas e
insônia."

"talvez você tenha perdido?"

"perdido o quê?"

"você sabe."

agora quando eles vêm
eu digo,
"é, eu terminei. sai em setembro."

"você terminou?"

"yeh."

"bom, olha só, eu tenho que ir."

nem o gato
aqui no quintal dos fundos
vem mais à minha porta.

é legal.

...

the 2nd novel

they'd come around and
they'd ask
"you finished your
2nd novel yet?"

"no."

"whatsamatta? whatsamatta
that you can't
finish it?"

"hemorrhoids and insomnia."

"maybe you've lost it?"

"lost what?"

"you know."

now when they come
around I tell them,
"yeh. I finished
it. be out in Sept."

"you finished it?"

"yeh."

"well, listen, I gotta go."

even the cat
here in the courtyard
won't come to my door
anymore.

it's nice.
.
.
.
It's nice.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

  • Vida de gato
  • Das coisas esquecidas atrás da estante : esgotado, procure nos sebos!
  • Máquina de Pinball
senso*