Wednesday, May 31, 2006

COMMANDO FITNESS I

Descobri porque a minha vida na academia estava meio normal: era o horário. Hoje eu tive que ir mais tarde. Quando cheguei lá já senti todos aqueles olhos pra cima de mim. Um monte de olhos. Carne nova no pedaço! Só que a carne não estava muito afim de assunto, apesar de que alguns ali, confesso, até davam um caldo. Mas não, né. Pra mim é tipo zoológico, assim. Você não vai tentar puxar assunto com o leão ou o camelo, vai? Aliás, camelo me lembra camel toe. Você sabe o que é camel toe? Eu sei. E tem alguns soltos por lá... Só eu que sou uma garota decente. Mas enfim, claro que ir à academia não seria uma coisa pacífica para sempre. O pessoal dos hormônios em festa vai a essa hora, depois das 6. Todos de bermudinha, suados, levantando pesos e procurando uma mulher pelo espelho. E, no caso, a mulher era eu. A única. Tinha uma sapata lá também, mas acho que eles não estavam considerando. E depois chegou uma garota com o traseiro perfeitamente esculpido, mas acho que essa eles já conheciam e não tinha mais graça. Então a vítima, a presa, fui eu. Exagero. Não fui vítima, mas é que às vezes eu queria ser invisível pra poder ter alguma paz. Invisível e surda. Hoje acabou a pilha do meu Ipobre e foi desesperador. E foi bem na hora que tinha um cara revivendo a história do OE. Mas ele nem chegou a dar OE porque eu já estava prevenida olhando para a frente com seriedade. Caminhando na esteira, com o Ipobre dando sinais de falência, ele me olhou, sorriu com os olhos e veio saltitando para a esteira ao lado da minha enquanto TODAS AS OUTRAS DO OUTRO LADO estavam vagas. Que legal. Fiquei prestando atenção no meu Ipobre, MUITA atenção, porque afinal, se ele parasse de funcionar eu estava fodida, teria que ouvir maravilhas como "don't you wish your girlfriend was hot like me" remixado ou o DVD do 50cent que o cara lá do hiphop insiste em botar. E ele parou. Sim, ele parou. Silêncio. Mas eu não tirei os fones e continuei cantando Ike and Tina bem alto pra deixar claro que eu não queria conversa. Aí ele achou que eu era estranha e parou de olhar tanto. Melhor assim, amigo. Você não vai querer viar piada assim tão rápido. Acho até que vou começar a ir nesse horário para me divertir um pouco mais. Mas com várias pilhas sobressalentes para o Ipobre.

Tuesday, May 30, 2006

Credo. Quanta seriedade.
ASSIM NÃO VAI SER POSSÍVEL.
EU ESTOU LEVANDO AS COISAS A SÉRIO.
VAMOS TENTAR DE NOVO.
Mas depois. Agora vou ver Aristogatas.
Todo mundo quer a vida que um gato tem, dizem eles.
Pois é.

Prólogo tardio

Um dos motivos de tudo foi a falta de memória. Eu sempre achei que teria tempo para sempre porque minha memória era rara e impecável, com direitos a detalhes que as pessoas não percebiam nem na hora.
E ela se foi.
Esqueço de tudo, esqueço das palavras e das consultas e dos nomes dos discos e livros e das pessoas. Esqueço de telefones e de contas, esqueço da caderneta da escola da minha filha, esqueço das dívidas.
Espero que não tenha esquecido como escrever.
Não sei se lesei por causa dos excessos ou por falta de sono, mas o fato é que eu lesei. Vou tentar deslesar escrevendo, escrevendo, escrevendo de novo.

O outro motivo é que eu não ando lá com muita vontade de escrever livros meus. Tenho mil projetos, mil coisas na cabeça, mil idéias, livros com outros, revistas, bandas, coisas e coisas, mas os meus livros mesmo, poxa, não quero agora. Antigamente os escritores podiam demorar anos e ninguém enchia o saco. Então eu estava ficando restrita a encomendas e fiquei com medo que a minha alma morresse sufocada. Vamos ver se agora ela consegue respirar.

E o outro motivo foi: porque eu quis. Já queria fazia tempo mas morria de preguiça e um certo medo daquilo tudo que aconteceu da outra vez, medo de me repetir e de ver tudo acontecendo de novo. Mas não. As coisas não caminham assim. Eu ando para a frente. O que ficou para trás muito me dá orgulho, mas está lá atrás. Isso inclui quase todos os anos da minha vida. Não tem nada igual agora. Só o meu nariz. Não, nem o meu nariz, porque ano a ano ele vai caindo. Eu juro.

Este é o Adiós Lounge. Porque o passado está lá atrás, dando tchauzinho e mandando lembranças - de lembranças eu preciso mesmo. Só espero que entendam que eu vou continuar não dando entrevistas sobre blogs. Pelo amor de deus. Não encham meu saco de novo com isso agora. Mas não vão encher. NÉ? Obrigada. E os detratores!, que saudade. Pena que aqui não tem comentários nem email de contato. Aí vocês vão ter que ficar gastando o tempo falando mal de mim nas suas próprias casas. Obrigada.

Então cá estou eu de volta, mais hermética do que nunca. E caralho, eu estou feliz. Meu pai me disse esses dias: Clarah, você ainda vai ser muito feliz. Incrível, porque faz pouco mais de um mês e eu estava quase chorando e meio miserável, mas passou. Sim, passou. As coisas passam, deixam marcas mas passam. Feliz com muitas coisas, feliz pra caralho, cheia de endorfinas, cheia de idéias, cheia de vida nova, o coração voltando a bater no peito que, eu tinha certeza, estava morto. Cheia de dívidas também, mas fodam-se elas. Eu sei que vou ter dinheiro em breve, muito breve. Bom mesmo seria ganhar na megasena, mas para isso eu teria que jogar.
Eu jogo em outras coisas.
Até breve,

Lithium Sunset

TUDO TINHA MUDADO.
Mas eu estou freqüentando novamente uma cadimía, onde caminho alegremente na esteira lado a lado com fisiculturistas com o pescoço maior do que a minha cintura, garotas de programa que mascam chicletes constantemente, enfim, toda a bela fauna que habita os arredores da Augusta. É realmente uma beleza. Não vou descrever ninguém porque eles são muito grandes e eu temo pela minha integridade física. Mas é engraçado. Especialmente aquela biba que... Não, melhor não. Enfim, fiz 27 na sexta passada, com direito a lesar e tudo, mas uma garota precisa de cuidar. Especialmente perto de se tornar uma balzaquiana. Tenho certeza que serei melhor balzaquiana do que fui jovem de vinte e poucos. Como muitas.
Estou feliz. Quase que meio equilibrada. Tomando remédios, porque sim, eles são importantes, e não, eles nao são frescura dos tempos modernos. Tem gente que precisa. Eu preciso. Senão eu fico perigosa para mim e para os outros. Especialmente para mim. Não pretendo me atirar novamente de um carro em movimento, obrigada.
Estou feliz com coisas que eu achei que nunca mais iam acontecer na minha vida, porque sou uma fatalista, sempre fui. Tudo era pra sempre e tudo era nunca mais. Remédios, remédios e eu começando a ver a vida de uma maneira menos dolorida. Mas ainda me jogo esperando que me peguem lá embaixo. Trust. Mas agora eu me jogo com uma cordinha. Menos romântico, mais realista, mas ainda assim romântico. E é assim que é agora.
E agora eu continuo escrevendo para mim, mas se eu não publicar, não existiu. Vai entender. O Arturo me entendia.

Monday, May 29, 2006

Hello, Adiós.

Dizem que não existe ex-alcoólatra. Eu acredito.
Acabo de descobrir que ex-compulsivo também não existe, e já que eu estava enchendo a caixa postal de inocentes - ou nem tão inocentes assim - com meus gorgulhos diários, resolvi parar de resistir. Pois é.
Tudo de novo.
Mas tudo novo.
Bem-vindos ao Adiós Lounge. As políticas são as mesmas. A pessoa é a mesma, sempre igual, sempre diferente.
TUDO TINHA MUDADO.
Um pouco mais feliz, um pouco mais acabada, um pouco mais espertinha, um pouco mais velha. Ou muito, já nem sei mais. E mãe, bem mãe.
As mesmas epifanias.
Porra, eu estava com saudades.
Realmente, não existe ex-compulsivo. Ainda bem.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

  • Vida de gato
  • Das coisas esquecidas atrás da estante : esgotado, procure nos sebos!
  • Máquina de Pinball
senso*