Thursday, August 09, 2007

sobre amor e mãos frias

Da última vez que nos vimos, ele broxou.
Íamos dançar na sala, na frente do sofá vermelho, ouvindo já nem lembro mais o quê.
Mas não dançamos.
Minhas mãos estavam geladas assim como hoje e, quando deitamos, eu não quis abraçá-lo, quer dizer, não quis tocá-lo, não quis tocar nem suas costas com as mãos geladas. Foram uns abraços meio estranhos, sem mãos, aqueles. Faz tanto tempo. Nunca mais nos vimos. E eu nunca o esqueci.
Naquela época eu ainda não sabia que ele era o único homem que eu havia amado. E até hoje é. Eu não sabia como saber isso. Aprendi num filme besta, desses que você vê quando não quer pensar. Amor é quando você quer dar tudo o que tem. O resto, paixão, tesão, posse, o resto que todo mundo confunde com amor é quando a gente quer devorar e consumir o objeto em questão.
Eu dei tudo pra ele. Ele não quis e jogou descarga abaixo.
Continuo a vida, consumindo quem passa pelo meu caminho. E as minhas mãos estão geladas como no dia que ele broxou e eu não quis tocá-lo.
Nenhum calor. Uma tarde de inverno sem sol.
Se eu apenas soubesse que era amor.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

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senso*