Friday, May 30, 2008

quem são essas pessoas que encontro por aí e que acham que me conhecem? são três e vinte e cinco da manhã e eu desci a augusta me perguntando: quem são essas pessoas dementes que porque viram um filme, porque leram um livro acham que me conhecem e que podem me julgar? quem são essas pessoas que não sabem separar a arte da vida? eu uso a vida para a arte, o que é muito diferente de achar que é tudo a mesma coisa, uma massa disforme de atos e informações erradas, uma espécie de versão regurgitada por duzentos mil cérebros do que um dia eu fiz e saiu de controle. é, são três e vinte e sete da manhã e eu sentei no computador, como a personagem faz depois da balada. e eu odeio o termo balada. balada pra mim é uma música lenta de dançar juntinho ou aquilo que os poseris faziam com longos solos de guitarra. o fato é que voltei de um lugar com música alta e bebidas mas estou intacta, cheiro de cigarro nos cabelos e algum mal-estar apenas por não ter voltado direto para casa. não existe aquela putaria e aquela busca desenfreada e nem aquela falta de ética, não existe nada daquilo. quem são essas pessoas que sentam, cruzam as pernas e ficam aí falando sobre mim sem me conhecer, jogando olhares de soslaio como se soubessem de algo? clarah averbuck é isso e aquilo, clarah averbuck fuma como uma chaminé, clarah averbuck nada em promiscuidade, clarah averbuck, ah, essa eu conheço. que palhaçada. claraverbuck não fuma uma carteira de cigarro em três dias porque se preocupa com a sua voz e tosse, claraverbuck tem namorado e não gosta de ficar longe dele, claraverbuck, minha gente, vocês nem fazem idéia de quem seja. só quem me conhece é que me conhece. podem fazer todo o tipo de análise barata, usar todo o tipo de psicologia fuleira, dissecar palavra por palavra de cada livro e cada post; só quem me conhece são os meus amigos, os que eu deixo chegar perto. o resto deveria pensar doze vezes antes de sequer pensar em escrever qualquer coisa sobre a minha pessoa. os textos? boa sorte. eles sim estão aí pra todo mundo ver. mas eu não estou sentada nua em uma vitrine iluminada para que um bando de gente distante demais pra ouvir qualquer coisa que eu diga fique me enquadrando. vão enquadrar os seus amigos, os seus primos, as suas mães. eu não sou próxima de ninguém que tenha tido contato apenas com o meu trabalho. é pessoal, sim, mas não é um sussurro no confessionário com o padreco ouvindo atrás. a minha vida é minha e não é nada do que ninguém imagina. arrumem uma vida pra vocês. e me deixem em paz.


cordialmente,

c.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

  • Vida de gato
  • Das coisas esquecidas atrás da estante : esgotado, procure nos sebos!
  • Máquina de Pinball
senso*