comunicado oficial de solidão crônica
eu não estou mais no ramo do romance.
a última vez foi o dia do pezinho. mas foi só um breve momento. muito breve. não lembro mais como se faz isso. nem sei mais se sinto falta. vai acostumando. a solidão vira parte de você. uma vez um amor (talvez o último, talvez o único) me disse que a solidão ia sufocar qualquer um que ele amasse. era verdade. um domingo à tarde ele deitou na sala da minha casa e eu senti aquele peso. naquela época eu ainda não era assim. eu acreditava. acreditava nele deitado na sala da minha casa, lindo como sempre foi. não entendi aquela inquietação e aquele peso. era ela. era a solidão. me sufocando exatamente como ele tinha dito. ele se foi. e a solidão ficou. aquela maldita solidão era contagiosa e hoje eu que posso dizer: a minha solidão vai sufocar qualquer um que eu amar. ontem eu saí. sozinha. fiquei bebendo sozinha até aparecer alguém. e mesmo quando apareceu, mesmo enquanto conversávamos, mesmo enquanto outras coisas aconteciam eu ainda me sentia sozinha. essa solidão é como uma capa. nada mais chega em mim. eu posso até me entregar, posso até tirar a roupa, posso tentar, mas vou continuar sozinha. não sei desde quando isso acontece. de repente era assim fazia tempo. uma solidão crônica. antes eu procurava alguém com quem não me sentisse sozinha. era minha grande busca. agora já não faz mais diferença. acostuma como quem bebe demais se acostuma com a ressaca. faz parte. tenho outros tipos de amor. tenho amor de muitos meninos. mas não é romance, não tem manhãs, não tem mãozinha entrelaçada e pezinho roçando enroscado debaixo do lençol, não tem beijo e abraço, não tem cinema, não tem fazer nada juntos, não tem silêncios confortáveis e nem cabeça no colo. nem lembro como é isso. nem lembro da sensação. acho que o romance morreu em mim. e eu nem notei.
a última vez foi o dia do pezinho. mas foi só um breve momento. muito breve. não lembro mais como se faz isso. nem sei mais se sinto falta. vai acostumando. a solidão vira parte de você. uma vez um amor (talvez o último, talvez o único) me disse que a solidão ia sufocar qualquer um que ele amasse. era verdade. um domingo à tarde ele deitou na sala da minha casa e eu senti aquele peso. naquela época eu ainda não era assim. eu acreditava. acreditava nele deitado na sala da minha casa, lindo como sempre foi. não entendi aquela inquietação e aquele peso. era ela. era a solidão. me sufocando exatamente como ele tinha dito. ele se foi. e a solidão ficou. aquela maldita solidão era contagiosa e hoje eu que posso dizer: a minha solidão vai sufocar qualquer um que eu amar. ontem eu saí. sozinha. fiquei bebendo sozinha até aparecer alguém. e mesmo quando apareceu, mesmo enquanto conversávamos, mesmo enquanto outras coisas aconteciam eu ainda me sentia sozinha. essa solidão é como uma capa. nada mais chega em mim. eu posso até me entregar, posso até tirar a roupa, posso tentar, mas vou continuar sozinha. não sei desde quando isso acontece. de repente era assim fazia tempo. uma solidão crônica. antes eu procurava alguém com quem não me sentisse sozinha. era minha grande busca. agora já não faz mais diferença. acostuma como quem bebe demais se acostuma com a ressaca. faz parte. tenho outros tipos de amor. tenho amor de muitos meninos. mas não é romance, não tem manhãs, não tem mãozinha entrelaçada e pezinho roçando enroscado debaixo do lençol, não tem beijo e abraço, não tem cinema, não tem fazer nada juntos, não tem silêncios confortáveis e nem cabeça no colo. nem lembro como é isso. nem lembro da sensação. acho que o romance morreu em mim. e eu nem notei.