Monday, August 28, 2006

Assim está bem melhor.

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO

Ei,
J.,
respondendo à sua pergunta aquele dia, ou àquela manhã daquele dia estranho,
comprei sim.
Comprei No Caminho de Swann e À Sombra das Raparigas em Flor num sebo, umas edições lindas e despedaçadas e velhas, mas ainda não comecei a ler.
Quando começar eu te conto.
Isso se eu te encontrar de novo algum dia.
Espero que encontre.
Não sei onde te achar. Não sei nem o seu nome direito. Só sei que você me disse para ler os livros de um cara por quem você era obcecado e quando um homem me diz uma coisas dessas assim eu vou lá e obedeço.
Isso quando eu acredito neles.
Eu tenho tudo para não acreditar em você, mas eu acredito.
Então tá.
Tchau.

Saturday, August 26, 2006

Photobucket - Video and Image Hosting

escrevi isso no começo do ano.
era bem verdade.
às vezes ainda é.
hoje é um pouco.

Wednesday, August 16, 2006

Eu fico até meio desgostosa de olhar este blog. Pedi pra Eva, minha amiga designer chique, fazer um template belérrimo pra mim, mas ela está ocupada e eu não sei fazer essas coisas. Este blog parece que está de óculos e calça de moletom vendo Vale a Pena Ver de Novo em casa sem escovar os dentes.

APÊNDICE DE CIMA

Publiquei o texto abaixo porque estou fazendo um trabalho sobre a internet para o museu da Telemar e tive que ficar procurando o verbete "internet" em dicionários afora. Aí eu lembrei desse texto, porque acho que a internet despertou um lado na comunicação que é péssimo. Talvez digam que eu sou contra a democracia. Talvez eu seja mesmo. Porque eu realmente acho que algumas pessoas deveriam simplesmente calar a boca, apesar de acreditar na seleção natural. E antes que achem que eu estou falando com alguém em particular e comecem a praticar a Arte da Fofoca, pópará. Pópará. Oh, A Arte da Fofoca. Daqui a pouco eu conto o que ela está me causando em casa com as moças e senhoras que trabalharam aqui.
Sem mais,

OS DOIS LADOS DA MOEDA

* Texto publicado na revista Simples, em 1947

Nunca acreditei muito nesse papo de geração enquanto selo estilístico. Todos em todas as gerações sempre foram muito diferentes entre si, desde a Beat Generation – um monte de amigos passando por coisas e escrevendo cada um de seu jeito muito particular – até a nossa. Nossa, minha. Mas isso é minha (não nossa) mania, creio eu. Pediram para eu falar da nova geração de escritores, então vou contar a minha história que engloba outros e acho que foi onde tudo começou. Ou pelo menos uma parte de tudo. Ficar citando e garimpando nomes não adianta muito, então prefiro ir direto à raiz.

Era uma vez o CardosOnline, um e-zine só texto – sem html, sem frescura nem nada, mandado por email duas vezes por semana – que deu quatro crias literárias até agora: eu (sim, eu, Clarah, prazer), Daniel Galera, Daniel Pellizzari e Cardoso, que na verdade se chama André Czarnobai e a história do apelido você vai ter que perguntar para ele. A diferença começa por aí: era um e-zine, não um fanzine desses de faculdade, editado com muito suor. Aliás, nós não estávamos nem na mesma faculdade. A maneira como as coisas acontecem já é muito diferente: sim, nós nos encontrávamos mas cada um ficava ali na sua casa, escrevia sua coluna e mandava para o Cardoso, o único que suava de verdade. “Escritores de Internet”, eles dizem, e eu digo aiai. Pode ser. Aí depois de três anos e cinco mil assinantes, que ninguém nunca soube explicar de onde vieram, acabou o e-zine, foi cada um para o seu lado e veio a praga do blog, que eu ajudei a disseminar. Eles não, mas acabaram todos no mesmo bolo, blog, site, e-zine, ficou tudo no mesmo saco, era Internet, não era? Então fim. E eu nunca mais me livrei desse estigma. Como se o meio importasse mais do que o conteúdo. O que importa, ou deveria importar, é o quê está escrito, não onde.

Repetindo, repetindo o que já disse tantas vezes, blog não é um estilo, tampouco uma tendência. É um meio, assim como um site ou uma revista on-line. A diferença é o formato, não o estilo, nem tudo é em primeira pessoa, muito embora eu acredite piamente que falando de nós mesmos chegamos muito mais aos outros do que falando dos outros sem propriedade. A diferença e a coisa boa também é que quem escolhe o autor são os leitores, não há intermediários entre os dois. Não há editores, não há diplomas envolvidos, não há burocracia e, principalmente, não há custo; independe de mídia, de puxa-saquismo de jornalistas, de qualquer artifício desses de lavagem cerebral. E a coisa ruim é a mesma: de repente todas as opiniões que não deveriam sair da mesa do bar estão lá, escritas e comentadas como se valessem a pena. Todo mundo é um escritor. “Quando alguém não sabe fazer mais nada, vai ser cantor, como diriam aqueles que não sabem cantar”, já falou o Jumento dos Saltimbancos. Mas tudo bem, a vida é muito fácil, é simplesmente não acessar. O Larry Flynt dizia que democracia não é falar o que quer, é ouvir o que não quer. E não há nada mais democrático do que a Internet.

Mas se você quer mesmo saber, não acredito que as editoras saiam caçando talentos Internet afora, ou adentro. O que acontece é que os leitores exercem sua função e o escritor, por assim dizer – porque ninguém sabe que é um escritor até escrever – começa a ver que aquilo ali pode tornar-se sua vida. Não seu sustento, porque estamos no Brasil, vamos combinar de ninguém ganha dinheiro com livros, talvez com os frutos, mas nunca com os livros. Aliás, eu não concordo nem um pouco com essa teoria de que em breve os livros estarão extintos por causa da Internet. Nada, eu digo nada se compara ao papel, ao cheiro, à textura, ao prazer de pegar algo, um certo fetiche. Não dá pra pegar nada na Internet, só vírus. E alguma experiência que pode ser usada ao nosso favor. Comigo foi assim. Talvez as gerações futuras leiam isso tudo e achem um absurdo, mas que diabos, eu não sou a geração futura. Eu sou agora. Eu e os outros todos, vindos da Internet ou não. Porque o que importa está escrito, não interessa aonde.

Saturday, August 05, 2006

AT THIS MOMENT YOU SHOULD BE WITH US, FEELING LIKE WE DO, LIKE YOU'D LOVE TO BUT NEVER WILL AGAIN

Eu confesso. Está bem, eu confesso:
EU NÃO SOU EU.
Oh!
Ou melhor: eu não sou ELA.
Eu sou eu. E sempre fui, menos quando segui o Thiago Schuch por um ano letivo inteiro pegando o ônibus para o lado oposto da minha casa e tentei inutilmente me encaixar no padrão de garota que ele gostava. Ele me beijou uma vez e resolveu ficar com a Miss Brotinho do Colégio São João. Eu tinha 15 anos, meus pais tinham se separado um dia depois da minha festa na garagem de casa e tudo que me importava era o Thiago Schuch e o fato de que meus peitos eram de tamanhos diferentes. Se bem que isso é bem eu. Então era eu.
Eu sou eu.
Ontem o meu amigo Roger perguntou na mesa se a gente acreditava que o tempo estava andando mais rápido. A informação está. O tempo está? O tempo não está. O meu tempo não está. Talvez antes de eu começar a tomar remédios, antes, quando eu era uma pessoa que ignorava o fato de que sofria de Transtorno Bipolar (ou Psicose Maníaco-Depressiva, como quiser) e vivia em mania e depressão e fazia umas cagadas incríveis com a minha vida, talvez nos meus episódios de mania o tempo parecesse andar mais rápido. E nos meus episódios de depressão o tempo era o tempo mais lento de todos os séculos dos séculos. Mas agora não é mais assim. Agora eu sou uma pessoa medicada. Eu tomo remédios quase direitinho. Eles se chamam Carbolitium CR, Topamax e Trileptal e são meus amigos, e impedem que eu me atire de carros em movimento ou corra com objetos perfuro-cortantes atrás das pessoas que eu gosto só porque a piada não teve graça, ou fique deitada na minha cama achando que eu sofro mais do que todas as pessoas que já nasceram no mundo inteiro e que nada mais importa além de sofrer, sofrer e sofrer pra depois ficar uma semana sentada na frente do computador tomando Cloridrato de Anfepramona pra não dormir e contar tudo. Era bonito? Podia até ser. Mas me consumia e eu ia acabar morrendo, e isso é sério. Agora as coisas são e serão diferentes. Eu tenho uma filha pra criar, uma filha que é genial e sabe todas as cores em inglês e desenhou o peixão na parede de casa quando a bomba do aquário queimou e ele morreu, uma filha que é linda e me ama, um amor que só quem tem filhos sabe. Sangue do meu sangue. E sangue não é água. Minha filha é uma Clarinha e me dá umas rasteiras que eu só fico pensando meu deus do céu quando tiver sete anos eu estou ferrada.
Eu sou eu. Eu e minha mini me. Eu sou eu e os meus amigos. Eu sou eu e tudo que eu era e mais as coisas que eu sou agora. Eu, senhoras e senhores, nunca deixarei de ser eu. E se vocês querem a versão anterior, fiquem se repetindo vocês, porque eu já superei.
.
.
.

o segundo romance
good ol' hank

eles vinham e
eles perguntavam
"já terminou o seu
segundo romance?"

"não."

"oqueque foi? oqueque foi que você não
consegue
terminar?"

"hemorróidas e
insônia."

"talvez você tenha perdido?"

"perdido o quê?"

"você sabe."

agora quando eles vêm
eu digo,
"é, eu terminei. sai em setembro."

"você terminou?"

"yeh."

"bom, olha só, eu tenho que ir."

nem o gato
aqui no quintal dos fundos
vem mais à minha porta.

é legal.

...

the 2nd novel

they'd come around and
they'd ask
"you finished your
2nd novel yet?"

"no."

"whatsamatta? whatsamatta
that you can't
finish it?"

"hemorrhoids and insomnia."

"maybe you've lost it?"

"lost what?"

"you know."

now when they come
around I tell them,
"yeh. I finished
it. be out in Sept."

"you finished it?"

"yeh."

"well, listen, I gotta go."

even the cat
here in the courtyard
won't come to my door
anymore.

it's nice.
.
.
.
It's nice.


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

  • Vida de gato
  • Das coisas esquecidas atrás da estante : esgotado, procure nos sebos!
  • Máquina de Pinball
senso*