Sunday, September 23, 2007

foi lindo, foi ótimo, todo mundo adorou. discotequei na festa, sucesso, amigas, whisky e aquele sorriso que eu contei. depois falo mais sobre tudo, agora estou com pressa no quarto do hotel do meu pai, que chegou hoje para uma reunião e nem vai ver o filme. quer dizer, ele já viu. mas não vai ver no cinema. vai ao cinema comigo.
acabo de ler esta crítica sobre o filme n'o globo.
é isso aí. isso aí mesmo.

Som, palavras, sexo e Leandra Leal




Desde "A ostra e o vento", de Walter Lima Jr., Leandra Leal precisava de outro personagem no cinema à altura de seu talento. E o papel veio 10 anos depois com "Nome próprio", cuja estréia (aguardadíssima) de gala lotou o Cine Odeon BR na noite de sexta-feira. O público tem a oportunidade de conferir o trabalho da atriz no filme de Murilo Salles (de "Como nascem os anjos") este domingo, em duas sessões (às 15h e 19h30), no Estação Ipanema 1.

"Nome próprio" É (assim mesmo, em letras maiúsculas) Leandra Leal. A atriz sustenta 2h10 de filme como uma performance arrebatadora na pele de Camila. A personagem é inspirada nos livros "Máquina de pinball" e "Das coisas esquecidas atrás da estante", e na própria autora, a gaúcha Clarah Averbuck. E todo rock'n'roll do livro e da escrita de Clarah estão bem encarnados por Leandra.

É de se admirar a coragem da atriz em se jogar em um papel difícil, que corria sério risco de cair na caricatura e não ser crível. Leandra fica nua ou só de calcinha e camiseta pelo menos a metade do filme. Faz árduas cenas de sexo e de jogo de sedução. Fuma. E muito. Se "embebeda" e "toma" bola para emagrecer o tempo todo. Briga, sofre. E Leandra se sai bem em cada cena em que foi desafiada pelas loucuras de Camila/ Clarah e do diretor.

Sua personagem é uma aspirante à escritora cuja vida rock'n'roll e solitária em São Paulo se resume à busca pelo amor e à inspiração para o primeiro livro. Enquanto isso, faz sexo. Muito sexo. Com alguém que nem sabe o nome, com o namorado da melhor amiga, com a amiga ou com aquele que acredita ser sua alma gêmea.

Murilo Salles teve a árdua tarefa de adaptar os livros - com ajuda da roteirista Elena Soarez e redação da filósfoa Viviane Mosé - tão pesados da escritora mais bem sucedida do boom dos blogs. O roteiro e a direção são tão intensos quanto o estilo literário de Clarah. O diretor não deixa o espectador à vontade. Incomoda o tempo todo com barulhos de fazer os mais fortes virarem a cara da tela.

Já no início você fica impactado com o som da fúria do namorado de Camila arrumando as malas e expulsando a amada traidora de casa. Ver e ouvir (ou tentar) Camila arrancando os esmaltes das unhas te leva para o universo tortuoso da jovem. Acompanhar sua raiva com a aparição de uma barata no prato de comida dá vontade de pegar seu próprio tênis e socar a mesa. Ouvir o esfrega-esgrega frenético de Camila na escada do prédio faz você compreender o que é extravasar a tensão na limpeza. E tente acompanhar os espasmos de Camila após uma bebedeira... Você poderá não conseguir tomar seu drinque após a sessão.

Toda essa intensidade é proposital e bem vinda para a viagem do espectador ao universo solitário e doloroso da personagem. Faltou apenas mais pitadas de humor. Apesar de a história toda parecer uma loucura ela é plausível e acontece nas melhores (ou piores) famílias da geração digital. Mas os textos de Clarah têm mais leveza do que mostra o filme.

A duração de 130 minutos pode fazer o espectador sair mais carregado do que deveria. Há momentos risíveis sim, mas são tão raros que o público tem uma epifania e vai às gargalhadas. Não seria para tanto. O filme é drama e dos bons, mas faz você sair da sala de cinema com angústia misturada a uma certa leveza. Afinal, basta ver a inquietude alheia para constatar que sua vida é bela.

Bianca Kleinpaul


 
 

TUDO TINHA MUDADO. Menos o que ficou igual.

  • Vida de gato
  • Das coisas esquecidas atrás da estante : esgotado, procure nos sebos!
  • Máquina de Pinball
senso*