cerveja
que dia. que dia. começou cedo e errado. aí foi dando cada vez mais errado. não parava. havia uma perspectiva, lá no final, de redenção. eu já estava desconfiada; quando as coisas dão errado demais e existe uma perspectiva de final feliz, aiaiai, isso aí não vai dar certo. é claro que não deu. e agora eu estou aqui sentada tomando cerveja com absolutamente todos os planos cancelados, a casa bagunçada, o chuveiro estragado (ainda teve isso) e pensando que quando se trata da vida mesmo, nunca sobra ninguém além dos gatos e dos amigos que estão longe demais para qualquer afago.
é.
que saudade de quando era só eu, já dizia ele.
e eu digo a mim mesma agora, calma, claraverbuck, é só um dia ruim, vai dizer que não agüenta um desses a essas alturas?
quando eu era mais nova, bem mais nova, tinha a fama de limpar o banheiro da casa dos meus amigos. eles eram jovens e pouco asseados e me abrigavam em suas casas, eu era maníaca e ficava tensa. limpava mesmo. esfregava tudo. não sobrava um germe.
(nunca lavei a louça, isso sempre foi um problema para mim)
tem também aquela história de eu ter lavado a escadaria do meu prédio. foi até parar no filme. tudo bem, era um prédio com apenas dois apartamentos sem nenhum zelador, o prédio nunca havia sido varrido na história recente da humanidade, alguém precisava fazer aquilo, isso o filme não conta, mas enfim. aconteceu.
mas eu cansei de fazer isso. agora eu quero uma moça pra me ajudar. naquela época eu não precisava pensar em burocracia, na escola da minha filha, em tantas outras coisas que agora existem. as coisas que antes não me cansavam agora me exaurem. é assim. é claro que eu agüento. se for realmente necessário. se não houver outra saída. mas não é assim, é? podendo evitar passar por certas coisas, evita-se. mas quando os outros ainda não sabem disso não é tão fácil. ninguém disse que era. nunca é, realmente. nenhum dia ruim é realmente fácil.
yada, yada, yada.
amor, acabou a cerveja.
é.
que saudade de quando era só eu, já dizia ele.
e eu digo a mim mesma agora, calma, claraverbuck, é só um dia ruim, vai dizer que não agüenta um desses a essas alturas?
quando eu era mais nova, bem mais nova, tinha a fama de limpar o banheiro da casa dos meus amigos. eles eram jovens e pouco asseados e me abrigavam em suas casas, eu era maníaca e ficava tensa. limpava mesmo. esfregava tudo. não sobrava um germe.
(nunca lavei a louça, isso sempre foi um problema para mim)
tem também aquela história de eu ter lavado a escadaria do meu prédio. foi até parar no filme. tudo bem, era um prédio com apenas dois apartamentos sem nenhum zelador, o prédio nunca havia sido varrido na história recente da humanidade, alguém precisava fazer aquilo, isso o filme não conta, mas enfim. aconteceu.
mas eu cansei de fazer isso. agora eu quero uma moça pra me ajudar. naquela época eu não precisava pensar em burocracia, na escola da minha filha, em tantas outras coisas que agora existem. as coisas que antes não me cansavam agora me exaurem. é assim. é claro que eu agüento. se for realmente necessário. se não houver outra saída. mas não é assim, é? podendo evitar passar por certas coisas, evita-se. mas quando os outros ainda não sabem disso não é tão fácil. ninguém disse que era. nunca é, realmente. nenhum dia ruim é realmente fácil.
yada, yada, yada.
amor, acabou a cerveja.